domingo, 19 de agosto de 2007

Coisas para débeis mentais

O ministro da Justiça, Tarso Genro, naquele seu estilo bate-pronto, chamou boa parte da comunidade brasileira - aquela que tem dois neurônios - de débil mental. Respondendo a uma pergunta sobre a possibilidade de uma comparação entre os atletas cubanos entregues ao regime de Fidel Castro e a extradição de Olga Benário Prestes para os nazistas, na ditadura Getúlio Vargas, Tarso respondeu: 'Só débil mental faria uma comparação dessas!' O senador Heráclito Fortes, por dedução, é um 'débil mental'. Fortes é presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e disse que o episódio dos cubanos lhe 'trazia lembranças do caso Olga Benário'. Já outra corrente também acredita na debilidade mental de quem acha que os atletas cubanos pediram para voltar e que a pressa na devolução deles à ilha do dr. Castro se deu exclusivamente por que a saudade de casa apertara e os rapazes insistiram naquele vôo extra para Havana. Mas são apenas pontos de vista divergentes. Os mais velhos ainda lembram das confissões de arrependimento de terroristas presos pelo regime militar. Eles apareciam na televisão e se declaravam enganados por aqueles que queriam derrubar a ditadura. No caso dos atletas cubanos tudo foi de acordo com a lei brasileira, disse Tarso Genro. Ninguém entrou com habeas corpus, os dois não quiseram falar nem com advogados que poderiam salvá-los de uma extradição. Era saudade mesmo. 'Nostálrrias', diriam eles, da velha Havana, daquelas filas para comprar sorvete, para beber a tropi-cola, a Coca-Cola socialista, o velho bus sempre lotado, o lanche grátis em dia de concentração na Plaza de la Revolución. Por que os cubanos iriam trocar uma vida nova na Europa decadente ou no país opressor de Fidel Castro, ganhando centenas de milhares de dólares? Nada se compara à vida que voltam a levar em Cuba. O governo já está cuidando deles. Não tem imprensa incomodando, eles poderão ser reeducados num treinamento ideológico intensivo e a família acompanhando tudo. Pagarão por seus erros e por suas vacilações doutrinárias, dando aulas a outros atletas e ensinando que tentar 'fugir' do país, em um evento olímpico, pode ser alta traição à pátria. A porção débil mental de brasileiros se rende a Tarso Genro, pede desculpas e admite que não pode haver comparação. Olga Benário foi extraditada por haver acordo entre o Brasil e a Alemanha e sua entrega aos nazistas só ocorreu depois de uma decisão do STF. Com os atletas cubanos ocorreu o pior. Eles acreditavam estar numa democracia, num país que não tem acordo de extradição com Cuba. Sem comparação, débeis mentais!


ROGÉRIO MENDELSKI
Correio do Povo/RS

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